Asma

O texto seguinte é uma tradução do original em inglês do Dr. J. Frederic Templeman

A asma é uma doença inflamatória crónica (de longa duração) das pequenas vias respiratórias dos pulmões. Muitos elementos do sistema imunológico são activados num ataque de asma, mas eles são parte do problema em vez de parte da solução nesta doença generalizada.

Quando participei na escola médica no início dos anos 80, a asma foi principalmente classificada como uma doença alérgica. Hoje em dia ela é considerada como sendo essencialmente uma inflamação e apenas secundariamente uma doença alérgica. Esta mudança é importante, porque deslocou-se a ênfase da terapia, de controlo alérgico, para controlo da inflamação.

Na asma, a inflamação e outros complexos efeitos do sistema imunológico, causam episódios recorrentes de “assobio” característico quando as pequenas vias respiratórias dos pulmões são reduzidas devido à contracção dos músculos nas suas paredes. O ataque grave da asma pode colocar a vida em risco e provoca quase sempre ansiedade, tanto na vítima como nos familiares.

A asma pode-se desenvolver em qualquer idade, mas cerca de 50% dos casos ocorrem na infância e na maioria dos restantes casos ocorre antes de começar os 40 anos. É raro desenvolver asma após os 50 anos de idade. A incidência da doença tem vindo a aumentar e apesar do desenvolvimento de vários novos medicamentos, o número de mortes por asma tem aumentado substancialmente desde os anos 80.

CAUSAS

A actual teoria médica é que a asma tem tanto causas genéticas como ambientais. Os genes que regem um aumento da resposta imunitária às substâncias que provocam ataques, uma reacção inflamatória mais forte que o normal e, músculos das vias respiratórias mais reactivos parecem hereditários e predispõem-se para o desenvolvimento da doença.

Os familiares de pacientes com asma têm uma maior probabilidade de desenvolver a doença, mas não é inevitável que eles se tornem asmáticos. De facto, os factores ambientais são tão importantes na causalidade da asma e eles interagem com o factor genético.

CLASSIFICAÇÃO

A classificação da asma mudou nos anos recentes:

  • Ligeira intermitência – Os ataques são breves (de horas a 1 dia ou 2 dias e não mais frequente do que duas vezes por semana). O “assobio” nocturno ocorre menos de três vezes ao mês. O tratamento é episódico como pacientes são assintomáticos (sem sintomas) entre os ataques.

  • Ligeira Persistência – Os sintomas ocorrem com mais frequência do que duas vezes por semana, mas não diariamente. Os sintomas podem afectar os níveis de actividade. O “assobio” nocturno ocorre três ou mais vezes por mês. É necessária medicação diariamente (inalação de doses baixas de corti-costeróides, anti-inflamatórios ou broncodilatadores). Os medicamentos (broncodilatadores inalados) não são usados diariamente.

  • Persistência Moderada – Os sintomas estão presentes diariamente e interferem com a actividade. Os ataques ocorrem pelo menos 2 vezes por semana e são prolongados. O “assobio” nocturno ocorre mais do que uma semana. Os pacientes necessitam 1 ou 2 dias de medicação. Os inaladores são usados com regularidade.

  • Persistência Severa – Os sintomas são contínuos. A doença afecta a actividade e os ataques são frequentes e prolongados. O “assobio” nocturno é frequente. Pelo menos duas medicações diárias são necessárias, além de que os pacientes têm de tomar esteróides por via oral. As hospitalizações são necessárias para lidar com os ataques complicados.

O QUE ESTÁ ERRADO NA ASMA

Eu mencionei que a resposta imunológica na asma é parte do problema mas não a solução. Os seus efeitos são semelhantes aos da mortalidade na guerra que vem de “fogo amigável”, uma vez que são as forças armadas do corpo que causam o dano.

Os alérgenos (que podem ser vírus respiratórios, pólen, tabaco, etc) causam uma cascata de eventos que resultam em edemas das vias respiratórias (inchaço), hiper secreção de mucosas, contracção dos músculos nas paredes das vias respiratórias, causando a diminuição do diâmetro destas e, por último, dano às células das vias respiratórias.

Este último dano é causado pelos ataques pelo sistema imunológico dos glóbulos brancos.

A obstrução que resulta desta inflamação impede o fluxo de ar nos alvéolos, onde a permuta do oxigénio com o Co2 no sangue ocorre, mas também captura o ar nos alvéolos pelo que ele não pode ser exalado.

Isso é chamado de captura de ar, o que contribui para a paradoxal sobre-inflamação dos pulmões observados nos raios-x, de doentes de asma com dificuldades respiratórias. As tentativas desesperadas do corpo para obter uma eficaz circulação do ar nos pulmões resulta eventualmente em hiper ventilação, esgotamento do musculo respiratório (o trabalho de respiração num ataque pode ser 5 a 10 vezes acima do normal), e, com demasiada frequência, colapso respiratório.
A morte fora do comum em pacientes hospitalizados ocorre quando sinais de alerta em asmáticos fora do hospital, não são levados a sério.

TRATAMENTO COM MEDICINA

Infelizmente, toda a medicação usada no tratamento da asma tem efeitos nefastos ou perigosos. Broncodilatadores causam um rápido batimento cardíaco e podem precipitar ataques de pânico.

Esteróides, inalados ou orais, têm efeitos colaterais que literalmente enchem páginas de texto relacionadas com a administração e fiscalização dos medicamentos.

Nenhum médico irá verdadeiramente argumentar que eles não são prejudiciais. Contudo, são males necessários no nosso ambiente poluído. Enquanto alguns medicamentos menos prejudiciais que interferem com a resposta inflamatória estão agora disponíveis, e outros estão em desenvolvimento, o tratamento da asma permanece problemático e gera a sua própria forma de deficiência.

Finalmente, as repetidas e continuadas inflamações da asma, causa um espessamento” das vias respiratórias que é basicamente irreversível. Esta remodelação das vias respiratórias causa um aumento da irritabilidade aos alérgenos, começando assim um ciclo vicioso que piora a doença.

 

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Nuno Andrade – Recomendações para a Asma

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